26 de abril de 2010

5

Combustíveis Alternativos

Numa altura em que, face ao actual preço do petróleo, a gasolina em Portugal está novamente a ser comercializada a preços proibitivos e escandalosos, não se compreende que, ao contrário da Itália, da Holanda e de outros países da Europa, não se tenha verdadeiramente optado pelo GPL.

GPL , combustiveis , tó
Obviamente não interessa que haja uma forte adesão popular a quaisquer combustíveis que estejam isentos ou com reduzida incidência de ISPP (Imposto Sobre os Produtos Petrolíferos). Refira-se que tal implica cobrar menos IVA, porque este também incide sobre a parcela de ISPP. É a “velha” aberração da dupla tributação! Por isso a eventual perda de receita teria sempre de ser compensada nalgum lado.


Fala-se muito da necessidade de reduzir as emissões CO2 mas na prática não se quer incentivar combustíveis que, embora sendo fósseis como aliás o são o GPL e o GNC, contribuem para esse objectivo. A prova disso é que Portugal foi praticamente o único país a obrigar os veículos a GPL a ostentarem na respectiva traseira um autocolante aberrante e descomunal, como se fossem “bombas” ambulantes. Isto serviu um único e bem sucedido objectivo: causar estigma social e afastar as pessoas deste combustível. Porque se fosse apenas por causa dessas viaturas estarem identificadas devido ao estacionamento em parques subterrâneos, bastaria a obrigatoriedade de um pequeno autocolante aplicado no pára-brisas. Mas agora no caso do GNC onde já não pode haver a mesma desculpa, terão de se inventar outros (des)incentivos à sua adopção. Para já é a inexistência de abastecimento público.

Este raciocínio é também válido para os futuros automóveis eléctricos, cujo anúncio em grandes parangonas se enquadrou na habitual propaganda para satisfazer simultaneamente as clientelas ligadas ao marketing político e os (cada vez menos) eleitores que ainda se deixam manipular por tais “manobras”. Por isso, deixemo-nos de hipocrisias. O automóvel, seja na aquisição e/ou na respectiva utilização, será sempre visto por qualquer governo em Portugal como a verdadeira “galinha dos ovos de ouro”.

5 comentários:

  1. A grande hipocrisia do GPL é que inventaram essa do estacionamento em paraques subterrâneos quando está provado que este é menos perigoso que a gasolina e o gasóleo.Outra:porque é que há mais de 6,7 anos saiu uma directiva da CEE que dizia que nos 10 anos a seguir teria de haver em circulação para cada 2 motores a gasolina 1 a gasóçeo? Seria porque os carros a gasóleo eram menos poluentes.É vê-los quando reduzem o que acontece ao tubo de escape...Já agora o ISPP não tem uma percentagem para pagar os custos de manutenção das SCUTS? É que me parece que anda aí gato por lebre com a história do pagamento das portagens das Scuts...ou não?...Estamos num país de chulos e vigaristas de todo o tamanho e o automóvel tem de alimentar esta malta?...

    ResponderEliminar
  2. "Deocleciano Monteiro" o famoso Duque da Ribeira do Porto teve o dom de salvar alguns de morrerem afogados porque acompanhava a “vivência” do rio (Douro) e porque a tragédia ocorria dentro do conseguimento das suas remadas. Alguns naufragantes, muitos deles suicidas, não foram salvos porque muitas das vezes se lançavam do tabuleiro superior da Ponde de D. Luís I e a deslocação do ar durante a vertiginosa queda ou o impacto na água lhes retirava a vida. Era aí que Docleciano (Duque da Ribeira do Porto) mostrava ser um verdadeiro sábio. Ele, conhecedor profundo do leito, relevos submarinos e marés, com as suas fateixas acabava por descobrir o cadáver do desgraçado que decidira entregar ao rio mais bonito do mundo a sua sorte final.
    O País, mal comparando, precisaria de um Duque da Ribeira do Porto na governação para tentar não deixar que o Estado se afogasse, ou, mesmo que este submerso, conseguisse levantar a cabeça para “respirar”.
    Não vejo em Pedro Passos Coelho capacidades para tomar as rédeas da minha Pátria com vista a um futuro mais risonho, vejo-o mais como um amanuense que está a cumprir uma tarefa com o intuito de chegar a uma situação firme e economicamente reconfortante.
    Pedro Passos Coelho enganou-me, julguei-o parte da solução mas não, ele é mesmo só mais uma parte do problema.

    ResponderEliminar
  3. Há questões mais profundas no sector automóvel do que estas, como se sabe um dos principais problemas de Portugal é o desiquilíbrio das contas (importamos mais do que o que exportamos), ora, com honrosas excepções os automóveis são todos importados (e mesmo os que não o são têm uma incorporação de materais e mão-de-obra nacional quase desprezíveis) pelo que a compra (na prática importação) dos veículos desiquilibra as nossas contas.
    Para agravar as coisas, os combustíveis também são importados.
    Ou seja, e como estamos numa moeda única com valores e taxas de juro comuns e sem possibilidade de criar uma pauta aduaneira autónoma, a única via de regular este excedente de importação é pelo aumento fiscal para impedir um maior desiquilíbrio. Portanto, os carros são caros em Portugal e ainda bem que o são.
    (e eu até adoro carros, mas é a vida, ou pelo menos, a verdade)
    De qualquer forma, verdadeiras políticas sustentáveis seriam baseadas nos transportes colectivos (muito mais racionais e económicos). Não é por acaso que a maior parte dos países europeus tem excelentes redes de transportes (esse é um sinal de desenvolvimento).
    Isto não é defender imbecilidades como TGV´s cujos bilhetes sairão mais caros do que os de avião e cujo traçado é um erro de palmatória.
    Seria preferível ter uma boa rede de metropolitanos e alfa-pendurares, (ambos não estão sujeitos aos desperdícios dos engarrafamentos).
    Quanto à energia, não tenhamos ilusões a única que é economicamente competitiva (pelo menos aos preços actuais) é a baseada em hidrocarbonetos, a energia solar/eólica não é económica e tem que ser subsidiada por todos nós para estar em funcionamento (dá prejuízo) e mesmo a atómica se considerarmos os custos de tratamento e manutenção dos resíduos radioctivos durante uma quase eternidade, também não é.
    Quanto à electricidade, a esmagadora maioria da que é produzida em portugal, é-o através da queima de hidrocarbonetos, (fuel-óleo, gás,carvão, etc). Assim de memória, e da última vez que vi, as centrais hidroeléctricas (barragens) só eram responsáveis por 10% de toda a energia produzida em Portugal.
    De qualquer forma, à energia aplica-se o mesmo que aos automóveis, nós não temos propriamente poços de petróleo, a esmagadora energia que necessitamos tem que ser importada (e lá voltamos nós ao desiquilíbrio da balança de pagamentos) pelo que taxamos fortemente a energia.
    Esta situação só poderia ser modificada se exportássemos mais por forma a podermos importar mais, de outra forma não é possível. E mesmo assim... Não nos esqueçamos que andamos a gastar mais do que o que produzimos, pelo menos, desde o 25 de Abril (possivelmente até um pouco antes), pelo que todos os anos ficamos a dever dinheiro ao exterior (o famosos déficie) e não há ninguém, uma pessoa, família, empresa ou mesmo país que aguente endividar-se ano após ano, durante décadas. Não é possível, até porque depois não há quem nos empreste...
    Em suma, eu percebo a indignação, mas não vislumbro grandes alternativas. As soluções de fundo demoram anos e não dão nas vistas para eleitor ver. A melhor de todas é modificar a forma como nos transportamos e passar de um modelo de transporte individual para colectivo.
    Devemos diversificar as fontes de energia que podemos utilizar (com conta peso e medida porque actualmente saem mais caras) para ter alguma segurança em caso de subida súbita do preço do petróleo (e como tal do gás) e apostar no aproveitamento de gases para queima (como o metado da agropecuária) que não apresentam disparidades em relação à produção/consumo de ponta.
    E não embarcar em delírios e sonhos... Nem sempre quando nos dizem o que queremos ouvir, nos estão a dizer a verdade, aliás, raramente.

    ResponderEliminar
  4. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderEliminar
  5. Faz-me lembrar o aumento do tabaco para compensar a despesa para tratar das doencas tabagicas. Acontece que nos EUA ganhou-se consciencia e muitos pararam de fumar, resultado; Menos impostos recebidos e agora anda o governo a pedir as' tabaqueiras impostos diretos na producao para compensar aquele perdido, junto dos consumidores.
    O que eles querem (governo) e' sacar de qualquer maneira o graveto, fazendo com que eu e outros mais, so' paguem impostos quando nao possam evita-los, porque isso da consciencia, tera' o governo que dar o exemplo.

    ResponderEliminar

▲ Topo