7 de abril de 2010

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Sinistralidade Rodoviária

Subsiste quase sempre a ideia (que nos querem fazer passar) de que o excesso de velocidade é que é o responsável pela maioria dos acidentes, talvez para justificar os radares e a respectiva “caça” à multa. Claro que quando ocorre um acidente, significa que alguém não conseguiu parar ou desviar-se a tempo e logicamente seguiria com excesso de velocidade. Mas convém lembrar que o excesso de velocidade é muitas vezes a consequência e não a causa.

A redução “oficial” da sinistralidade que se tem verificado em Portugal, a meu ver, pouco se deve ao patrulhamento policial. Deve-se, sobretudo, à recessão económica, ao escandaloso e exorbitante preço da gasolina, à duplicação das vias (sendo o melhor exemplo o antigo IP5), ou à colocação de barreiras físicas (já não bastam as linhas contínuas) que impeçam as ultrapassagens, como acontece no IP4.


O que mais espanta é que é sabido que a maior parte dos acidentes graves dão-se nas estradas nacionais, tipo IP´s e IC´s, devido a choques frontais resultantes de ultrapassagens mal calculadas, entre outras manobras perigosas, e no entanto nestes pouco ou nada se faz. Se os pontos negros resultam de má concepção no traçado das estradas onde estes se localizam, então porque razão continuam a existir? Porque não estão ainda requalificados e/ou com radares fixos? Porque não se efectua nestes uma fiscalização policial preventiva em vez da “caça” à multa por excesso de velocidade nas longas rectas da A13 e da A2 onde raramente ocorrem acidentes? Pois é, nestas o “lucro” é sempre maior.


O que dizer então dos custos dos acidentes? Os internamentos, cirurgias, fisioterapias, medicamentos, para além da redução da produtividade no País pelas ausências ao trabalho. Ao introduzir portagens nas SCUT, o Estado pretende diminuir a despesa que actualmente tem com estas. Por outro lado, poderá aumentar a despesa com a Saúde devido ao mais que provável aumento da sinistralidade. Com a introdução de portagens nas SCUT está-se a cobrar pela utilização de uma via mais segura (em muitos casos a única), como se a segurança fosse um “luxo” de apenas alguns e não um direito de todos.

sinistralidade rodoviaria em Portugal

Adenda em 10 de Janeiro de 2013 
Expressões como "Devagar se vai ao Longe", "Mais vale perder um Minuto na Vida do que a Vida num Minuto", "Acidentes não se lamentam, previnem-se", "Na Estrada todo o Cuidado é pouco" já há muito que fazem parte do nosso quotidiano. Infelizmente tendem a cair no esquecimento pois apesar de não estarmos sozinhos na Estrada pensamos por vezes que os acidentes acontecem apenas… aos outros.  

4 comentários:

  1. 1.O IP4 é a actual estrada da morte! Já foi o IP5, depois foi o IP3 e agora é esta estada de penetração no interior transmontano que está na berra!...Quantas mais mortes terá de haver nesta estrada para colocarem aquelas barreiras acimentadas, em substituição daqueles pinos que, se é facto que sinalizam a estrada, não impedem que em caso de despiste, como sucedeu na última tragédia às portas de Vila Real ainda não há um mês e da qual resultou a morte de três jovens, o veículo despistado não abalroe outro(s) que circulam na direcção contrária!.. E como é possível o alheamento das Câmaras envol
    vidas, neste caso da de Vila Real, Amarante, Sabrosa, mesmo Peso da Régua , Alijó, etc?
    Recordo que no IP3 foi o movimento dos cidadãos automobilizados quem praticamente impôs às Es tradas de Portugal a colocação desas barreiras cimentadas, que provaram a sua eficácia com a redução acentuada do nº de acidentes no IP3!
    2. Outra estrada perigosíssima é a Estrada de Viseu-Nelas! Ainda não há muito tempo faleceu na celebérrima e inenarrável "ferradura de Oliveira de Barreiros" uma jurista, que era Vereadora da Câmara Mun. de Nelas! Onde todos os dias ocorrem acidentes dada a sinuosidade do percurso e a falta de uma sinalização mínima, bem como a ausência de bermas em muitas das curvas, assim como de rails de protecção, existência de areia na estrada, gelo agora que o Inverno se aproxima,etc, etc... Claro que as entradas de Viseu estão sempre em obras, seguidas das já famosas rotundas!

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  2. A maior causa da sinistralidade rodoviaria é:
    - Não haver nas escolas primarias aulas de Prevenção Rodoviária;
    -A formação inicial de Condução não ter no minimo 4h de exercicios práticos de condução defensiva em centros de condução avançada para pelo menos saberem travar e se desviar de um obstaculo em caso de emergência em diversos tipos de pisos;
    -A formação Profissional do CAM de Motoristas é só teoria, é mais facil encontrar Empresas ou Entidades que vendem Certificados do que mandar os seus condutores perder um dia de trabalho para realizar no minimo um dia de Formação de Condução Defensiva com componente Prática, e E.T.C
    A triste realidade do drama da sinistralidade Rodoviária só irá mudar no dia em que haja uma verdadeira Prevenção Rodoviária ou quem de tutela perderem os seus familiares em acidentes Rodoviários ou , uma nova ASAE para o sector da Formação de Condutores Rodoviários.
    Assim como, A VERGONHA NACIONAL na Transposição da Directiva 2003/59 CE ! com quem e onde é realizada a Formação prática para o dito CAM de Motoristas Pofissionais,e E.T.C
    será nos parques de Manobras do IMTT ou nos Centros de formação de condução existentes em Portugal ou irão visitar a http://WWW.APTH.FR ?
    A.Patriçio -odramadasinistralidaderodoviaria.blogspot.com

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  3. Porquê a "caça à multa" em vez da prevenção? O Governo estabeleu, no âmbito das belas "reformas" que alega ter estado a fazer na Administração Pública (que servem para estragar o que estava bem e funcionava), um novo sistema de "avaliação" com estabelecimento de "objectivos" que, se forem cumpridos ou ultrapassados, dão uma boa ou excelente classificação e possiblidade remota de promoção (só 5% é que passam, os outros baixam-lhes a nota mesmo que seja alta e têm de esperar 10 anos). Nas polícias e guardas, não só aqui em Portugal, pelo menos em França também, como deu na TV, um dos "objectivos" é aumentar em dada percentagem o nº de contra-ordenações. Muito inteligente, não é? Quem quiser apostar na prevenção, não ganha nada, quem entrar na caça à multa pode ser que suba...É inacreditável e inaceitável. Em Portugal, tem havido suicídios mas esconde-se. Em França, suicidam-se 50 polícias por ano. Um dos polícias que se matou, com a arma de serviço, em França, um dos últimos comentários que fez com os colegas foi: "Dá-me náuseas sempre que passo uma multa a uma pessoa...".

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  4. Realmente parece que não há interesse em resolver as causas da sinistralidade. A policia em vez de estar visível para prevenir os acidentes, esconde-se com os seus radares apenas para roubar os condutores. É vergonhoso. Nunca se viu tanta caça à multa como agora. Quando precisam de dinheiro ou a cobrança de multas está abaixo do esperado aí vão eles para a estrada. Não admira que as pessoas não confiem na policia. Deve ser por isso que fazem sinais de luzes umas às outras. Eu nunca o faço porque posso estar a ajudar (sem o saber) criminosos a evitar a policia. Se realmente se quisesse apostar na prevenção e sem grande investimento colocavam aqueles carros da policia de cartão junto das zonas de acidentes. Pode parecer ridículo mas nos países que o fazem a coisa parece resultar.

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