27 de setembro de 2012

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A Bicadinha Final

Considero que após 2 anos e meio sobre o início do Bicadinhas, Portugal está, como seria de esperar, mais… decadente. Muitas das causas que a meu ver contribuem para esse estado de coisas já foram abordadas noutros artigos do blogue, pelo que neste meu último texto evitarei ser redundante. Apesar de tudo, considero que as pessoas hoje estão mais esclarecidas e cientes da realidade que as rodeia pelo que nada ficará como antes. 
 
o resultado da incompetencia dos politicos

Portugal encontra-se numa espécie de “Guerra Civil” pois de um lado temos uma grande maioria dos Portugueses a trabalhar arduamente, quais heróis, em prol do país e noutro lado temos uma minoria bem organizada de Portugueses cuja missão é travar ou obstaculizar a acção dos primeiros. Refiro-me à oligarquia representativa de certos interesses instalados que vive na “sombra” do Estado e que sempre se moveu bem nos corredores do Poder. Esta “Guerra” apesar de não ser convencional tem os mesmos efeitos nefastos: recessão, desemprego, pobreza, miséria e no extremo… morte. Todos estes efeitos são, na prática, potenciadores de estados de depressão. Pouco se fala disto mas será de esperar, lamentavelmente, um aumento no número de suicídios. 

Ainda não se conhecem em concreto quais as novas medidas de austeridade a aplicar em 2013. Apenas se sabe que haverá ainda mais austeridade e aparentemente sobre os mesmos do costume. Nada que surpreenda e a que já não estejamos habituados. Mas o que realmente surpreende era a medida inicial sobre a TSU onde aí foram ultrapassados os limites da decência e da moral. Nada tenho contra uma redução significativa da TSU para as empresas que criem emprego líquido e/ou produzam bens e serviços transacionáveis como forma de aumentar a sua competitividade, sobretudo nos mercados externos. Só que isso per si não é suficiente como explicarei melhor adiante. Agora reduzir a TSU à custa dos trabalhadores, qual Xerife de Nottingham, alegando que assim se iria criar emprego é no mínimo… hilariante. Mas não devemos rir porque o assunto é demasiado sério. Basta ver a forma e o momento em como isso foi comunicado bem como o que se passou a seguir para se perceber que se atingiu o grau zero da Política. 

Passos Coelho , TSU , Paulo de Carvalho nini dos meus 15 anos
"A alma não tem segredo que o comportamento não revele"
Lao-Tsé

Querer fazer crer que o problema da produtividade e competitividade da economia Portuguesa reside nos “altos” salários dos trabalhadores é apenas mais uma falácia típica da propaganda habitual. Pensar que se aumenta a produtividade reduzindo salários, é de quem não entende nada sobre motivação de recursos humanos. Há que lembrar que os custos das empresas não são apenas salários mas é sempre mais fácil mexer nestes do que nos da electricidade, gás, combustíveis, telecomunicações, logística, entre outros. Aqui se vê bem o poder dos oligopólios que mais não são que um “Estado” dentro do próprio Estado. 

Portugal continua recessivo mas insiste-se sempre na velha e fácil receita de aumento de impostos, quiçá procurando contrariar a teoria de Arthur Laffer exposta na sua famosa curva.

curva de Laffer
A curva de Laffer

Ao levar-se a austeridade para além dos limites apenas porque não se tem a coragem de mexer com os interesses instalados, o mais provável é o feitiço poder virar-se contra o feiticeiro. Temos um Governo composto por marionetas ao serviço de uma oligarquia de interesses a qual não ousa “incomodar” mas que não tem pejo em atacar a maioria dos cidadãos quiçá pensando que a divisão que provocou e acentuou nestes com as medidas anteriores iria prevalecer. Mas saiu-lhe o tiro pela culatra conforme se viu nas manifestações de 15 de Setembro. Até aqui todas as suas previsões falharam, o que já não devia surpreender ninguém pois com governantes académicos e/ou imberbes sem qualquer noção do país real não seria de esperar outra coisa. Este é o comportamento típico de um Governo que vive na "estratosfera" e que na ânsia de agradar (custe o que custar) à Troika, acaba por hipotecar qualquer hipótese de crescimento económico. Nem sempre mais significa melhor. E neste caso, olhando para a actual execução orçamental, o resultado está bem à vista. Levaram demasiado longe essa “vassalagem” e com isso afundaram ainda mais o país. É impressionante a facilidade com que transformam Portugal num laboratório e os Portugueses nas respectivas cobaias para assim se testarem certos modelos macro-económicos. Como se a Economia fosse uma ciência exacta. Por esta hora Francisco Sá Carneiro deve estar às voltas no seu túmulo ao ver que até a matriz social-democrata do partido que fundou se rendeu às teses ultra-liberais de Milton Friedman e da Escola de Chicago.
 
Só um Governo à deriva, alheado da realidade, é que pode afirmar que 2013 será o ano da inversão do ciclo económico e que Portugal está no bom caminho. Na prática está-nos a querer dizer que já se vê a luz ao fundo do túnel. Só que como está em absoluta negação é incapaz de ver que essa luz é a do comboio a vir a toda a velocidade na nossa direcção. Claro que nada disto os preocupa porque, como eles costumam dizer, serão julgados nas eleições. Claro que se as perderem, automaticamente consideram-se ilibados de qualquer responsabilidade mesmo que isso signifique deixarem “presentes envenenados” para os seus sucessores. E isto até convenientemente serve de alibi para o novo Governo “rasgar” as promessas que fez em campanha alegando desconhecer a situação real do país. E assim continua-se a “brincar” e a insultar a inteligência dos eleitores ao tratá-los, não com respeito, mas sim com total e absoluto despeito. Qualquer gestor de empresas pode responder civil e criminalmente por gestão danosa. Mas a um qualquer governante político, mesmo que gira milhares de milhões de € do erário público, já tal não acontece. Espantoso, não é? Deve ser esta a principal razão para se fazerem, segundo o Tribunal de Contas, certos contratos ruinosos para o Estado. E normalmente quem os faz em funções públicas por vezes aparece mais tarde nos Conselhos de Administração dos interesses privados com os quais negociou. Assim de repente já são competentes, não é? Outros vão para o estrangeiro onde vivem “à grande e à francesa” sem que se consiga perceber de onde vem o dinheiro para tal faustosidade. Claro que aqui está em causa algo mais preocupante e que leva a que não haja uma vontade real de criminalizar o enriquecimento ilícito. Deve ser por isso que não há nenhum político “graúdo” efectivamente preso por corrupção. Se não há, logo não há corrupção segundo alguém com importância na alta magistratura parece ter afirmado numa dessas "Universidades" de Verão. Para essa pessoa provavelmente o facto de Portugal em apenas 10 anos ter descido cerca de 10 lugares nos Índices Internacionais sobre a Transparência não deve passar de mera percepção. 

Portugal está moribundo e isso deve-se em grande medida ao facto da Política neste país já estar cadáver, fedendo por todos os seus poros tal o grau de podridão a que chegou.

Digo-o, claro está, com todo o respeito.

6 comentários:

  1. O PSD e o CDS têm muitas culpas neste descalabro mas o PS também não se pode pôr de fora por isso:
    • Peçam ao fugitivo de Paris os 90.000 milhões de euros que aumentou na dívida pública entre 2005 e 2010.
    • Peçam ao fugitivo de Paris, que decidiu nacionalizar o BPN, colocando-o às costas do contribuinte, aumentando o seu buraco em 4.300 milhões em 2 anos, e fornecendo ainda mais 4.000 milhões em avales da CGD que irão provavelmente aumentar a conta final para perto de 8.000 milhões, depois de ter garantido que não nos ia custar um euro.
    • Peçam ao fugitivo de Paris, os 695 milhões de derrapagens nas PPPs só em 2011.
    • Peçam ao fugitivo de Paris, que graças à sua brilhante PPP fez aumentar o custo do Campus da Justiça de 52 para 235 milhões.
    • Peçam ao fugitivo de Paris, os 300 milhões que um banco público emprestou a um amigo do partido para comprar acções de um banco privado rival, que agora valem pouco mais que zero. Quem paga? O contribuinte.
    • Peçam ao fugitivo de Paris, os 450 milhões injectados no BPP para pagaros salários dos administradores.
    • Peçam ao fugitivo de Paris, os 587 milhões que gastou no OE de 2011 em atrasos e erros de projecto nas SCUTs Norte.
    • Peçam ao fugitivo de Paris, os 200 milhões de euros que ?desapareceram? entre a proposta e o contrato da Auto-estrada do Douro Interior.
    • Peçam ao fugitivo de Paris, os 5800 milhões em impostos que anulou ou deixou prescrever.
    • Peçam ao fugitivo de Paris, os 7200 milhões de fundos europeus que perdemos pela incapacidade do governo de programar o seu uso.
    • Peçam ao fugitivo de Paris, os 360 milhões que enterrou em empresas que prometeu extinguir.
    • Peçam ao fugitivo de Paris, para cancelar os 60.000 milhões que contratou de PPPs até 2040.
    • Peçam ao fugitivo de Paris, que usou as vossas reformas para financiar a dívida de SCUTs e PPPs.
    • Peçam ao fugitivo de Paris, para devolver os 14.000 milhões que deu de mão beijada aos concessionários das SCUTs na última renegociação.
    • Peçam ao fugitivo de Paris, os 400 milhões de euros de agravamento do passivo da Estradas de Portugal em 2009.
    • Peçam ao fugitivo de Paris, os 270 milhões que deu às fundações em apenas dois anos.
    • Peçam ao fugitivo de Paris, os 3.900 milhões que pagou em rendas excessivas à EDP tirados à força da vossa factura da electricidade.
    E já agora:
    • Peçam ao PCP e à CGTP, cujos sindicatos afundaram as empresas públicas em 30.000 milhões de passivo para encherem a pança aos camaradas sindicalizados com salários chorudos e mordomias, pagos pelo contribuinte.

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  2. Ó fofinho anónimo, essa última podes metê-la onde mais te aprouver, porque 95% desse täo propagado passivo é de origem FINANCEIRA, nomeadamente de investimentos em infraestrutura que o Estado deveria fazer, mas que näo fez para näo aumentar o défice, já de si enorme devido às subvençöes e pagamentos milionários a boys e empresas do regime. Subvençöes essas que näo foram dadas às tais empresas públicas que necessitavam de investimentos. Como a CP, que recebe por passageiro 1/4 do que recebe a Fertagus.

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  3. Mais um blogue que se silenciou e uma perda para os portugueses que continuam a dormitar.
    Tanto que haveria para aprender com o Bicadinhas.

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    1. Muito obrigado Zita pelas suas sempre sinceras e muito amáveis considerações sobre o Bicadinhas.

      De facto, agora o blogue é totalmente dos meus estimados leitores. Está nas mãos deles não o deixar “morrer” partilhando-o.

      Quanto a si, Zita, espero que continue o bom trabalho no verdadeiro “serviço público” que presta a Portugal com o Apodrece Tuga, o qual visito regularmente e recomendo vivamente.

      Um grande Bem-Haja.

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    2. O problema é que os blogs sem actividade deixam de ser visitados pelos robots do google e portanto desaparecem das pesquisas. Só será encontrado por acidente ou se alguém pesquisar pelo nome dele, especificamente... a mim tb me apetece fazer o mesmo, deixar por ali o levantamento dos escândalos...
      Porque acho que as pessoas já perceberam a ideia e deduzem o resto.
      No entanto sei que se o fizer o meu blog desaparece do google. Tem que estar activo. Ou deixa de surtir efeito. :(

      Mas claro esta tem sido a minha luta, não tem que ser a de todos.
      Parabéns por tudo o que já fez, só tenho pena pelo desperdício que é perder um blog tão limpo e organizado, gostava de poder fazer isso no meu, mas dada quantidade de material que já possui, mexer no meu blog iria implicar a ajuda de várias pessoas.

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  4. Maquiavel, minha/meu querida/o Compatriota, Camarada (será?) não nos devemos furtar, todos, às nossas responsabilidades, se bem que, mais de uns do que de outros, é verdade. Garanto que conheço pessoas a quem nada pode ser apontado, nesta, nem em outra crise qualquer, pessoas sérias que passaram anos em rotinas diárias, casa trabalho, trabalho casa, pessoas que hoje não tomam todos os medicamentos receitados, muito simplesmente, porque não têm dinheiro para os pagar, pessoas que sempre fizeram o que lhes mandaram, submissos, dirão alguns, cobardes, dirão outros, até pode ser verdade, contudo, gente séria e honesta que nada teve a ver com as trafulhices Pós 25 de Abril.
    Lembrem-se que tudo começou, (descontando o período do tão falado e afamado PREC) em 25 de Abril de 1976 com a vitória de Mário Soares, esse sim, tive a primazia de poder fazer de Portugal um Pais diferente… uma vez mais, poderíamos ter mudado o mundo e fazer jus a uma História de alguns séculos, mas não, e como diz a o ditado “quem nasce torto, tarde ou nunca se endireita” e, assim foi, e está a ser (para mal dos nossos pecados) de tal forma que, andámos até 24 de Abril de 1983 às “turras”, data em que houve eleições e acabou por surgir o tão afamado e chamado de, “Bloco Central”, depois de 7 (sete) anos e de outros tantos Governos formados, eis que surge o IX Governo Constitucional formado pelos dois maiores partidos de Portugal, PS e PPD. Contudo, o Dr. Mário Soares, uma vez mais, não conseguiu ser o Patriota que ainda hoje apregoa ser, ou seja… colocar os interesses do Pais em primeiro lugar, chamar os bois pelos nomes, e dar aos Portugueses o prémio de tantos anos de Ditadura… Paz e Sossego, e fazer do nosso Pais um exemplo a seguir.
    Eis que o Dr. Mário Soares (como líder do PS, se bem que não estava sozinho no barco) perde duas oportunidades de ser hoje mais idolatrado que a Nossa Sra. De Fátima, duas oportunidades, leram bem. A primeira oportunidade era fazer História e transformar o nosso querido Pais num “Paraíso à Beira-Mar Plantado” (ainda hoje tem tudo para o ser, e é muito fácil) em segundo lugar, e não menos importante, fazer com que o freguês que se seguiu não passasse hoje de um mero espectador, em vez de ser o criminoso à solta mais conhecido do Pais, com um especial jeitinho para coveiro … Aníbal Cavaco Silva, como é óbvio, claro está.
    Quanto ao Sr. Cavaco Silva, não sei se vale a pena dizer alguma coisa, está tão presente e viva a História, chega mesmo a dar náuseas só de lembrar, quanto mim (corrijam-me se estiver errado) financeiramente é o maior responsável do estado em que o Pais se encontra… teve o tempo, os meios e a oportunidade de fazer o que Soares podia ter feito e não fez, com a diferença de que teve mais meios que o Dr. Mário Soares, se bem que, ele soube aproveitar a oportunidade, em proveito próprio, é certo, mas com classe, existe gente presa por menos…

    PS. Por aqui me fico, por agora...

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